domingo, 2 de agosto de 2015

Twenty Two

Desde criança a gente aprende que existe todo um apelo emocional pelos aniversários. Depois de um tempo a gente se acostuma que junto com eles também vêm as piadinhas "tá se sentindo mais pesada" e os "parabéns, tudo de bom" no Facebook. Vez que outra, nesse viés, por pura espontânea pressão ou não, a gente recebe um parabéns mais elaborado, com fotinho que às vezes nos destroem (é bom dar risada de foto ruim), e às vezes são bonitinhas. E a questão é: com o nosso aniversário sempre vem muita coisa junto.

E pra mim, recorrentemente, ano após ano essa coisa sempre pareceu como uma sensação de que algo estava errado, desalinhado, fora do lugar. Eu nunca consegui decifrar o motivo dessa sensação, mas até quando tudo estava ok, por algum motivo eu me sentia melancólica, e eu ouvia a melancolia gritando entre um silêncio e outro das conversas das pessoas que só "iam comer um bolinho" comigo ou entre uma música e outra na baladinha. 

Essa melancolia festiva não acontece só comigo, nem bate só em mim perto da época e em especial no dia do aniversário. Já ouvi amigas reclamando, já li posts sobre isso. Parece ser comum, por uma série de motivos.

Às vezes a gente percebe que não fez nada "de bom" nos últimos 365 dias. Não fez nada "de diferente". É toda uma mala pesada de motivos que, perto do nosso aniversário, parecem querer se abrir, se esparramar na nossa frente pra mostrar que "você tá fazendo aniversário, mas não tem nada pra comemorar, né?". 

Só que eu não encontrei essa mala esse ano. Milagrosamente.

Esse ano, e digo esse ano 2015 mesmo, foi o ano em que eu pior estive dentro da minha própria pele, fisicamente falando. Poderia achar isso razão o suficiente pra me sentir numa vibe Lana Del Rey no último dia 27. É horrível sentir-se mal, e nem Beyoncé falando pra mim que eu sou ***Flawless mudaria alguma coisa. É preciso dar o braço a torcer pra admitir isso, e é preciso dar os dois braços a torcer pra diariamente tentar aprender a se amar um pouquinho. Mas nesse último ano, e digo os últimos 365 dias, alguma coisa mudou, ou se fortaleceu na minha #mente. E talvez por esse motivo eu estive no meu melhor estado no último dia 27.


É muito bom e libertador perceber que, apesar do overthinking ou os pedregulhos da vida não diminuírem, a gente se sente bem no lugar que a gente tá. Eu tinha sim o que comemorar, e a porcaria da mala que carrega a bad sumiu e não apareceu, pra minha sorte. Eu viajei com os meus amigos, eu cantei Taylor Swift na virada do ano, eu corri no meio do Schiphol como eu nunca corri na minha vida. Eu trabalho onde gosto, eu só tenho por perto gente que eu quero por perto e, nas hipóteses boas, me quer por perto. E esses são só os motivos dos quais dá pra tocar e agradecer, apontar e agradecer. Do lado deles, têm os #motivões pesados, que talvez foram essenciais pra me deixar de bowie: eu aprendi sobre coisas. Sobre pessoas. Tô segura sobre o que gosto, sobre quem gosto. Aprendi que eu não devo me desculpar por me sentir mal, me sentir bem ou não sentir nada. 
Eu tive meus tropeços, é claro. Eu errei. Eu magoei e fui magoada. Eu fui mal em algumas provas!!! E se eu me agarrasse em todas as oportunidades que eu tive de ficar mal, eu teria ficado lá por muito tempo. 

Contudo, graças à mente, e à mim, lá estive eu, no último dia 27 me sentindo benzona por ter amarelado a certidão e feito dois patinhos na lagoa twenty two. E eu desejo isso pra todo o mundo, porque se tem uma coisa que a gente tem que comemorar, essa coisa é sentir-se bem.

BEDA (blog everyday in august) #2

6 comentários

  1. Ai, me abraça. Mas antes de mais nada: FELIZ ANIVERSÁRIO

    Era pra eu ter te desejado antes, mas né, acontecem coisas, desculpa.

    Eu queria ter me sentido assim quando fiz 22 porque, verdade seja dita, esse ano foi o mais pesado no sentido de inferno astral, melancolia, e tudo que eu tinha direito. Eu comemorei de um jeito xoxo, eu chorei porque minha vida estava toda errada, eu escrevi sobre isso porque achei verdadeiramente que ia me ajudar de alguma forma, e até ajudou, mas não muito. Acho essa vibe erradíssima e pra mim é uma novidade terrível porque, via de regra, eu sempre amei fazer aniversário e ficava animadíssima. Se eu parar pra pensar, a vida não tem sido muito justa desde que comecei a contagem regressiva pros 23 (nem comecei, mas cê entendeu), mas acho que às vezes, eu devia ser um pouquinho mais agradecida pelo o que eu tenho.

    beijo e que seus twenty two sejam maravilhosos! <3

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  2. Primeiro: Feliz aniversário!!
    Segundo: eu costumava me sentir assim também, todos os anos, com a sensação de que meu tempo está acabando e quase nada foi feito, mas de uns anos para cá essa sensação mudou e eu passei a ver as coisas boas, mesmo que pequenas, que aconteceram no meu ano e agradecer por elas também. Faz muito bem, né?
    Espero que todos os seus aniversários daqui para frente sejam assim.
    Beijos!

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  3. Faço 22 anos na próxima quinta feira, dia 6, imagine o quanto me identifiquei! Depois que saí da infância parei de curtir aniversário =/ sempre ficava na bad, sem ânimo para nada. Mas esse ano tô me sentindo diferente, sei lá, talvez por causa da boa notícia que recebi semana passada. Mas a cada ano que passo tenho me sentindo mais feliz na minha própria pele, apesar de tudo.

    Beijo!

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  4. Não costumo gostar dos meus aniversários, fico melancólica mesmo sem ter muitos motivos concretos para tanto, fico irritada com as pessoas me cobrando fazer algo especial só porque é meu aniversário, odeio ser o centro das atenções, não gosto de atender telefone... enfim, sou uma pessoa muito agradável. Mas esse balanço com a gente mesma é uma coisa que eu sempre achei muito positiva nessas datas importantes, porque meio que nos obrigam a pensar e refletir sobre nossos ~sentimentos~ e coisas que acabam jogadas por baixo do tapete na correria dos dias. E que coisa boa descobrir que estamos bem, não é? Concordo com você, acho que estar confortável na própria pele e se permitindo ser feliz são os melhores presentes que a gente pode ganhar da vida e de nós mesmas. Que continue assim por muito mais tempo.
    Parabéns atrasado <3
    beijos!

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  5. Olha, essa vibe negativa é a pior parte de aniversariar, pra mim. Eu amo o dia do meu aniversário, mas todo o período até que ele chegue é sempre uma tortura e uma montanha-russa emocional. Felizmente, sempre termina tudo bem e eu consigo aproveitar o dia.

    Concordo em gênero, número e grau quando você diz que "se tem uma coisa que a gente tem que comemorar, essa coisa é sentir-se bem", porque APENAS SIM. É muito bom quando a gente tá de boas com quem a gente é, e eu acho que isso é o essencial pra gente conseguir ficar tranquila com todo o resto.

    Parabéns atrasado e muitas felicidades nesses 22. <3 Beijo!

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  6. Ei Ana, querida! Feliz aniversário! Que delícia os 22, né? Taylor deu todo um novo significado a essa idade quando escreveu a música. Eu, inclusive, fiquei deprimidíssima no dia dos meus 23 porque perderia esse hino (até eu decidir que dane-se, terei 22 pra sempre, até porque ela diz na música que tudo ficará bem se a gente continuar dançando com se tivesse 22).
    Eu já gostei mais de fazer aniversário, ficava toda empolgada. Hoje só gosto por causa do carinho das pessoas mesmo. Acho que a gente merece um diazinho no ano onde as atenções das pessoas que conhecemos são mais voltadas pra nós, mesmo que por alguns segundinhos de mensagem no whatsapp!
    Beijos!

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