sexta-feira, 6 de maio de 2016

Abram as janelas

Ou: Um Post sobre Etiqueta no Transporte Público

Não, sério, abram as janelas. Por favor, abram a porra das janelas. Façam isso porque sim, eu sei que está frio, mas está muito pior com todas. As. Janelas. Fechadas. Não me entendam mal, colegas de lata (não aula, não trabalho, mas lata mesmo). Sei que somos todos sardinhas aqui dentro. Espremidos. Apertados. Quase empilhados nesse ônibus pequeno demais, com assento de menos, pra todos nós. Mas abram as janelas. Deixem o ar correr e levar pra fora esse ar viciado e quente (comer vidro deve ser mais agradável do que respirar quente), levar pra fora esse montão de vírus acumulado aqui dentro. Por favor, façam isso antes que eu comece a, de muito longe, olhar pra todos os lados, com o coração acelerando, pensando que vou morrer sem ar e doente porque está tudo fechado. Seth Cohen me olharia com pena e compreensão, porque sabe, é uma merda. Abram as janelas porque até os vidros estão suados pedindo misericórdia (e eu também).

Uma dica para o rosto gelado é carregar protetor e hidratante dentro da bolsa. É melhor hidratar do que pegar gripe. Dói o nariz? O frio? Dói sim. Mas dói mais ver tudo fechado. E de novo, amigos, não é pessoal. Eu preciso deixar algumas frestinhas da persiana aberta todas as noites, porque na minha cabeça ou eu morrerei sem ar se não fizer isso, ou eu morrerei sem ar se não fizer isso. É louco, meio maluco, e nada pessoal. Dentro de carros eu faço isso também. Nem que seja a largura de um dedo, mas preciso saber que por algum lugar o ar (não tão) limpo está entrando. Abram as janelas, pelo amor de Deus. 

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Movam-se. Eu sei, o ônibus está lotado, todos os assentos estão ocupados, a cada curva é uma emoção sabendo que você até poderia cair não fosse todos esses corpos juntos, ocupando o mesmo espaço, o que não dá nem chances de você atingir o chão. Mas movam-se. Eu sei que esse espaço depois da catraca é um pouco maior que o resto do ônibus, mas olhe ao redor: há espaço livre lá atrás, há pessoas tentando passar pela catraca, use esse seu corpinho e mova-se. Ande. Vá até lá atrás, abra lugar, pelo amor de tudo o que é mais sagrado. Dá licença, demônio. 

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Aquele banco tá molhado? Isso, o banco da janela está molhado? Quando chove às vezes acontece isso. Tudo bem, coisas da vida, mas ei, aquele banco da janela está molhado? Não? Então me diz porque diabos você está sentado no banco do corredor e trancando o acesso do banco da janela? Você é otário sempre ou só quando usa transporte público? "Ain mas a pessoa pode pedir licença pra sentar ali"? Sim, e você pode pedir licença pra sair. Mas que merda.

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Ei. Pera lá. Por que você tá vindo na minha direção? Ihhhh. Que isso. Olha esse ônibus vazio, sério que você vai sentar do meu lado? Ah, fala sério. Não faz isso não. Porra meu, pra que fazer isso. O ônibus tá praticamente vazio... (a situação é amplamente desesperadora se a pessoa em questão for um homem).

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Essa semana presenciei uma Daquelas Pessoas™  que se acham donas da razão mesmo quando estão erradas. A menina, no auge dos seus vinte e cinto anos (um chutezinho básico), discutia com o motorista (amoreco, pára de falar com o motorista), com todo o afinco o quanto ela estava certa em ficar sentada nos bancos antes da catraca, e como uma mulher idosa tinha sido idiota com ela, batendo boca no meio do ônibus, porque ela ficava sentada nos bancos antes da catraca.

Sua justificativa era que uma mulher muito mais idosa e com uma filha com Síndrome de Down haviam passado pela catraca e ido sentar nos muitos bancos livres que haviam nos fundos do ônibus. E fizeram isso sem reclamar!!1!!!1 Olha que pessoa mais graciosa aquela senhora passando trabalho desnecessário só poRQUE EU QUIS SENTAR NA FRENTE!!1!! 

Minha vontade era mandar ela comer um calabokitos, tirar a cabeça do rabo e parar pra pensar que ela. Não. Tinha. Razão.

Bancos na frente da catraca, pra mim, são pra pessoas que tem dificuldade em passar por ela. Idosos, obesos, pessoas com crianças pequenas. Não pra uma marmanja saudável que poderia muito bem passar pra parte de trás do ônibus – que pasmem, estava quase vazio.

Não sei que tipo de orégano essas pessoas fumam pra achar que uma situação dessas é ok e aceitável, e que elas tem razão.


Obs.: Oi gente, agora eu tenho um site! Com as minhas amigas! Sobre cultura pop e feminismo! SIMMM! Acessem lá: valkirias.com.br. ♥
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Maira Gall