sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A minha primeira vez bebendo tequila

Quando a gente é jove a gente é meio que naturalmente mais propenso a ser otário ou cair numas furadas da vida. Eu sei que é verdade porque já fui mais jove um dia, meus amigos foram joves também, e vocês também foram. E reunindo as histórias que já ouvi e li, concluo que todo mundo já foi otário, tanso, ou cabeça de ovo em algum ponto da vida.

Eu, no auge dos meus dezesseis e dezessete anos, achei que seria de bom grado começar a usar salto. Por essa razão comecei a ir em festas de escola usando salto, ir em almoços de colônia usando salto, até pro cinema eu ia usando salto. É claro que todos os poucos (quatro?) sapatos de salto que eu comprei na vida, eu comprei tão e somente naquela época.

Foi no auge dessa época, dos meus 17 (MEU DEUS JÁ FAZEM CINCO ANOS!!!!!!!!!!!), que eu e mais uns amigos decidimos ir numa festa meio de escola (eu realmente não lembro que festa era, só onde foi), num lugar meio não de escola (mas que no dia em questão os joves poderiam entrar).


Naquele dia, minha amiga que não poderia ir na festa mas que tinha muito tempo livre, decidiu fazer de mim um projeto e me deixou linda. Ela fez cachos fake no meu cabelo (que naturalmente não é nada liso), ela me maquiou, eu me vesti de preto e vermelho (porque certos gostos nunca mudam) e, é claro, coloquei salto. Toda orgulhosa, toda otária. 

Nós, gurizada leite com pêra, achamos ser uma ótima ideia fazer uma jantinha antes de ir pra festa, fazer um aquece, porque uhhh, nós podemos logo fazemos. Comemos cachorro-quentes e bebemos umas cervejas, eu acho, e em algum momento entre o cachorro-quente e as cervejas, alguém deu a nada brilhante sugestão de bebermos a tequila do dono da casa. É obvio que minha primeira vez bebendo tequila foi, como deveria ter sido, um terror. 

Eu, que nunca havia bebido tequila, pensei que era água. Bebi uma, duas, três... Seis? Sete? Doses de tequila. Pra muita gente isso não é nada. Pra mim, hoje em dia, é atestado de óbito. Quando vi a Rafaela dizendo que ela bebe cinco doses e tá de boa, parte de mim sentiu inveja, mas outra parte me lembrou daquele outro dia, em 2010, em que eu bebi várias tequilas e dei vexame.

Tudo foi tão humilhante que quando percebi eu já estava caída no chão.
Corta a cena eu tô no banheiro colocando o estômago pra fora.
Corta a cena a mãe do dono da casa tá me dando cafézinho pra ficar melhor.
Corta a cena estamos indo pra festa e tudo tá girando no carro. 
As cenas seguintes, nesse filme que é minha vida, passam em flashforward não muito rápido, e mostram:
eu chegando na festa, tentando me equilibrar na porcaria daquele salto, gorfando mais um pouco nos arbustos da frente da casa notura, 
e mais um pouco no banheiro da casa noturna, 
e sendo obrigada a enfiar vários pedaços de Diamante Negro (que eu nunca mais consegui comer direito depois) na boca pra ficar bem
e bebendo refri e água pra ficar bem,
e, pra coroar tudo, tem eu, ainda louca, beijando bocas que, por que por que por que por que eu fui beijar? 

Eu nem cheguei princesinha e saí nadinha naquela festa (coisa que acontece hoje em dia) porque eu já cheguei lá destruída. Quando eu bebo e vomito, eu choro, porque eu odeio vomitar. E aí é claro que o reboco foi todo junto. 

Rachel Green is me, I am Rachel Green
No final das contas eu cheguei em casa bem. 
No outro dia não lembro de sofrer com ressaca (sdds desse tempo).
E, é óbvEo que eu não aprendi. Eu voltei a dar vexame alguns anos depois. Não muito, nem com frequência, e nada tão grave apesar dos tombos e das ajudas que precisei pra ir pra casa, mas quem nunca, né. Quem nunca? 

Hoje em dia eu não sou muito dos destilados e fico na cervejinha. Não dou mais vexame assim (exceto em festas em casa onde eu danço funk, rebolando, parecendo uma abobada de 12 anos, e uso os móveis pra me apoiar), bebo tequila vez que nunca porque meu corpo não aceita mais isso, e só saio pra outros tipos de festas, festas em que eu uso tênis, botinha ou sapatilha. É mais fácil se equilibrar, sabe?

Não tirei nada daquela primeira vez bebendo tequila, se houve uma lição, eu fingi que nem vi, mas crianças, tequila não é água. Vão devagar, coisinhas. De verdade.

BEDA (blog everyday in august) #14

6 comentários

  1. HAHAHAHAHAHAHAHA Ana, obrigada por alegrar o meu dia que estava sendo PÉSSIMO.
    Hoje mesmo estava eu, caminhando pelo metrô até a escravolândia, quando lembro de como eu me vestia nessa época. Talvez com quatorze, quinze.. Eu acho que não sabia comprar calça jeans, sabe? Ou a minha mãe que me induzia ao mal. Lembro de uma "passa o rio" e cintura baixa.. Aonde eu ia com aquilo? Quando a gente é jove, é CLARO que somos otários, hahahahahaha. Enfim.
    Nunca tive a oportunidade de provar tequila nessa idade.. Mas acho que iria ser pior que você, não sei tomar essas coisas.. Eu juro que tento, mas é impossível não fazer caretas e assustar as pessoinhas. Invejo quem pega o limãozinho e seu copinho de tequila e sobrevive.
    Mas vamos concordar que se não fôssemos otárias nenhuma história teríamos para contar e rir. Ou chorar.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. HAHAHAHA, Ana, adorei!
    Eu só bebi tequila duas vezes, uma dose só, e ficou tudo muito bem. Acho engraçado que eu quase não bebo e mesmo assim a tequila não faz nada comigo. Minha prima que é super acostumada a beber, se tomar duas doses cai dura, sabe?
    Enfim! Nunca passei por essas tretas por causa de bebida, sempre tomei pouco porque sou fresca e não gosto do gosto, hahaha.

    Beijo!

    ResponderExcluir
  3. Eu não sou de beber, primeiro porque eu não acho que eu tenha idade, segundo porque o gosto das coisas raramente me agrada, terceiro porque eu preciso de muito pouco pra ficar alegrinha. No último carnaval, viajei com um grupo de amigos que, toda noite, durante uma semana, tinha uma parada obrigatória pra tomar um shot de tequila antes de chegamos no centro da cidade, e um depois, quando estávamos indo para casa. Não bebi nenhuma vez porque tenho medo de não bancar e porque a minha mãe, que bebia uma quantidade legal de álcool quando era jovem, nunca me deu nenhum conselho do tipo "não beba tal coisa", exceto quando essa tal coisa é tequila. ("Não bebe porque é forte demais e... e... Não bebe.") Admito, porém, que sinto curiosidade para experimentar.

    Ri muito com esse seu post, as primeiras experiências raramente são maravilhosas, né? E pelo menos você ficou BEM MAL antes de sair, e não quando já estava na rua, porque o vexame ia ser bem pior, já pensou? D:

    Beijo!

    ResponderExcluir
  4. Uma vez inventei de tomar cuba e não sabia a dosagem certa entre a vodka e a coca cola. Virei o copo e quase perdi o chão. Para tentar melhorar, minha amiga deve ter enfiado umas 3 garrafas de água guela abaixo para eu voltar ao normal. Resolvi que Álcool e eu não fazemos uma boa combinação.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. hahaha quem nunca, não é mesmo?
    Vexame faz parte. Eu ainda curto beber às vezes, embora não suporte o gosto de nada que vai alcool. Mas né, adoro me sentir bebada de leve. Daí vc fica bebada de leve e acha que tudo bem beber mais 91291892 doses. E aí here we go again.

    ResponderExcluir
  6. HAHAHAHAHAHAHAHAHA amiga, me abraça, vem cá. Na hora que li o título, tive certeza que a história era boa, e quando terminei já tava rolando de tanto rir porque a história era de fato muito boa e, ainda por cima, me lembrou da minha primeira vez bebendo tequila, que foi mais ou menos na mesma época que você. Gente, por que a gente faz essas coisas?

    beijo!

    ResponderExcluir

© AAAAAA
Maira Gall