terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Aquece Oscar 2015 #1: Boyhood, Whiplash e Grand Budapest Hotel

Todo mundo tem na timeline do Twitter aquela pessoa que em época de premiação fala das coisas como se soubesse, entendesse, e fosse crítica de cinema. Bem, eu sou essa pessoa. Todo ano eu passo parte de Janeiro e Fevereiro em função do nosso queridíssimo branquíssimo award favorito: o Oscar.

Fico em função de procurar os filmes em boa qualidade, e até passear no cinema vez que outra pra assistir na telona (ou na telinha que não é tão telinha assim do meu quarto) os indicados a melhor filme.

No arquivo do blog dá pra encontrar minhas reviews-nada-impessoais do ano passado. Nas minhas páginas de filmes no tumblr também dá pra ter uma noção que se eu não assisto todos, eu bem que tento (acho que nos últimos três anos eu completei os best picture?!).

Lembro do Oscar de 2011 que eu assisti três filmes no mesmo dia só pra poder xingar com ~argumentos~ o evento que ia acontecer naquela noite. Por sinal esse foi o Oscar que colocou JLaw nos holofotes, teve Natalie Portman gravidíssima e muitos awkward moments com os apresentadores da época, Anne Hathaway e James Franco (por sinal, quem lembra? Foi péssimo) (todo mundo deve lembrar daquilo).

Então pra voltar um pouquinho pra origem do blawg, vou abrir a tag #oscars 2015 e, a medida que for assistindo os filmes, vou postando pra vocês o que achei ou deixei de achar dos longas.

A diferença nesse ano, eu acho, é que no momento que liberaram os indicados no último dia 15, eu já tinha assistido 3/8 filmes. O que me dá abertura pra assistir os filmes de outras categorias também. E é o que eu planejo fazer (até já assisti um......... eh).

De qualquer forma, vamos lá.

THE GRAND BUDAPEST HOTEL
Wes Anderson
Elenco: Ralph Fiennes, Adrien Brody, Saiorse Ronan | 100min


Indicações:
Indicado em: Melhor Filme (Best Picture); Fotografia (Cinematography); Figurino (Costume Design); Direção (Directing); Edição (Film Editing); Maquiagem e Cabelo (Makeup and Hairstyling); Trilha Sonora (Music - Original Score); Design de Produção (Production Design); Roteiro Original (Writing - Original Screenplay).

O Grande Hotel Budapeste, adaptado em meados do século XX, no período entre as duas guerras mundiais, conta as aventuras vividas entre um gerente e o mensageiro de um famoso hotel europeu. O filme tem direito a roubo de quadros famosos, fugir da polícia E um psycho, tentar receber uma fortuna e ainda, no meio de tudo isso, se apaixonar pela moça que faz bolos. Assim, tentando explicar, dá a impressão que é "nada de mais". Mas o conhecido diretor conseguiu fazer funcionar outra vez.

Honestamente, a quantidade de indicações me espantou. Eu adoro os filmes do Wes Anderson. Tenho uma paixão enorme por Moonrise Kingdom. E só de bater o olho num filme dele tu sabe que o filme é dele. As cores, a simetria, as cenas abertas. Sem contar o Jeitinho Wes de fazer filme. 

Grand Budapest ficou meses mofando no meu HD externo até que eu me empolguei pra assistir. O filme, pra mim, é bem original e visualmente lindo, e apesar de ter gostado, não achei nada grandioso a ponto de ser indicado a melhor filme. Ainda assim, concordo com grande parte das indicações. 

Se fosse pra indicar pras pessoas um filme do cara, provavelmente não seria esse, mas tá na listinha de filmes queridos que assisti nos últimos tempos, so there's that. De qualquer forma, estarei na torcida pelo longa, especialmente pra roteiro e fotografia.

WHIPLASH
Damien Chazelle
Elenco: Milles Teller, J.K. Simmons | 107min

Indicações: 5
Indicado em: Melhor Filme (Best Picture); J.K. Simmons - Ator Coadjuvante (Actor in a Supporting Role); Edição (Film Editing);  Mixagem de Som (Sound Mixing); Roteiro Adaptado (Writing - Adapted Screenplay).

O filme, em poucas palavras, é sobre um menino solitário que ama bateria e sonha em ser o melhor da sua geração. Andrew é convidado pra entrar na principal orquestra da melhor escola de música dos EUA, ainda em seu primeiro semestre de curso. A orquestra em questão é regida pelo abusivo maestro Fletcher. O filme é o downhill e uphill do moço: ele é empurrado a limites que ele desconhecia -- até ser impiedosamente forçado (em tese) a alcançar.

Pra começar, vamos falar sobre as coisas boas: o J.K. Simmons, que eu não conhecia, foi maravilhoso. Foi mais do que merecido a indicação dele. O Miles Teller, que eu nunca fui muito com as fuças, também foi maravilhoso. Merecia uma indicação que não apareceu, e entrou pra grande lista dos Oscars Snubs. O filme é bonito -- e digo isso no sentido de cenas bem gravadas, fotografia bem feita (snub again) e não no sentido mensagem-bonita-etc-etc. E pra mim, a parte boa do filme fica nisso.

Eu não gostei de Whiplash. Tô sem entender a rasgação de seda pro filme. Acho que não tenho saco pra gente que quer provar ser o melhor só pros outros verem (o moço batendo boca com os amigos?! primos?! no jantar deixou isso bem claro). Que quer buscar tanto a perfeição que chega a ser psicótico. Filho, breaking news: cê tá longe de ser perfeito. No final do filme eu estava emocionalmente e fisicamente exausta. Emocionalmente porque esse filme é tão agoniante e intenso que eu não aguentava mais (e eu acho que ser intenso e agoniante era parte da ideia do filme em si, então o diretor tá de parabéns). E fisicamente pelo mesmo motivo: o filme não acabava.
Pra quem gosta de barulho, figuras abusivas e garotos malucos: go for it. Esse é um daqueles filmes pra assistir uma vez e lembrar pra sempre.











BOYHOOD
Richard Linklater
Elenco: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke | 165min

Indicações: 6
Indicado em: Melhor Filme (Best Picture); Ethan Hawke - Ator Coadjuvante (Actor in a Supporting Role); Patricia Arquette - Atriz Coadjuvante (Actress in a Supporting Role); Direção (Directing);  Edição (Film Editing); Roteiro Adaptado (Writing - Original Screenplay).

Boyhood, vocês já devem saber, levou 12 anos pra ser gravado. Boyhood, e talvez vocês saibam, é um filme simples. A ideia e a historia do longa é, bem como o título em português, acompanhar o crescimento da infância à juventude do protagonista Mason. É claro que ao fazer isso acompanhamos também o crescimento de todos que fazem parte da realidade do mocinho: a mãe, o pai, a irmã... 

Essa ideia simplíssima do diretor não poderia ter dado mais certo. Além de evidenciar o comprometimento de todos envolvidos, o fato de ter levado doze anos pra ser gravado (pra mostrar o guri realmente crescendo) deu um ar mega natural pro filme. E o filme todo é isso: natural. É um filme sobre a vida. Sobre crescer em meio a perrengue e momentos ótimos. Sobre passar por fases duvidosas de franja no olho, testa oleosa, unhas pretas. Sobre não saber lidar, e saber lidar. Sobre criar coragem e ir atrás das coisas. Sobre relacionamentos que não dão certo. E gente, eu amei tanto tanto tanto esse filme que nem cabe em mim. 

Boyhood foi um dos melhores filmes que eu assisti nos últimos tempos. Assim que eu terminei ele, fiquei deitada na cama escutando a música dos créditos e digerindo aquilo tudo. 

Acho que um dos porquês de eu ter amado o filme, além da naturalidade, foi o fato d'ele trazer um ar pro cinema que há tempos estava precisando (e eu também). Não tem super-herói, reboot ou efeitos especiais loucos. Não é no espaço, nem de terror. Não é comédia bagaceira ou filme que queira te passar uma lição de moral que ninguém dá a mínima. E por não querer e nem ser nada disso, ele é melhor que isso. Sem contar que a trilha sonora é d-e-m-a-i-s. Não ficarei surpresa se ele levar o prêmio da noite, mas não magoarei muito se ele não levar, porque juro que ele não precisa de prêmio pra validar o quão bom ele é. (E juro também que os 165min de filme valem cada frase puxa saquismo que eu escrevi) (assistam!!!).

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Férias, cervejas e quero!

Prometi na minha retrospectiva que se tudo desse certo, eu voltava com fotos dasoropa pra vocês. Foi uma coisa feia de se dizer, porque eu não visitei toda a Europa. Visitei Londres (com uma amiga, na casa de outra amiga) e Amsterdam (com as duas). E foi feio porque eu não precisava esperar voltar pra encher meu Instagram com fotos de procedência duvidosa mas que com toda certeza carregam um grande apreço emocional, afinal elas representam minha primeiríssima 1) viagem de avião 2) viagem pra além dos estados mais ao sul do Brasil (catarina morando no RS que só conhecia SC e o RS) e 3) viagem internacional.

A ideia inicial era também fazer um mega post, detalhado, bonito, cheio de informações não requisitadas, e que de alguma forma, seja lá qual fosse, eu tentaria passar pra vocês tudo o que vi e vivi num período de dezesseis dias. 

Dez dias já se passaram desde que eu voltei, e por uns três dias eu estava num ritmo e realidade alternativa, e nesses três dias eu não cogitava escrever. Depois disso eu estava num outro ritmo: o ritmo de férias, e eu não conseguia me mover. Hoje, segundo dia de volta pra rotina, já consegui reagir pra vida. Mas percebi, nessa transição, que não tinha como colocar em palavras do jeito que eu queria o relato das minhas férias. 

Por mais que eu tentasse, não teria como explicar como foi divertido correr próximo a Trafalgar Square gritando todo o tipo de nonsense depois de assistir a queima de fogos na London Eye, ou como me senti vitoriosa caminhando com dor pelas ruas de Londres porque, meu Deus, eu estava aleijada hipócrita com os pés parecendo uma batata e sentindo uma dor aleatória, complicada, que até hoje eu estou sem entender, e ainda assim estava mais feliz que nunca. 

Não ia ter como explicar como num pub em Amsterdam nós tivemos uma conversa pra lá de divertida, mas que serviu como um balde de água fria, com um australiano com Tourette que só no último dia eu ia descobrir que trabalhava no dito pub. Não podia me culpar, porque eu tenho um problema muito complicado de ter atenção desviada por pessoas bonitas. (E isso leva em consideração que beleza é algo subjetivo e eu posso achar lindo algo que tu achas horrível). Superficial, ele diria. Mas de longe e, talvez, às vezes, boca fechada, a beleza chama atenção. E juro pra vocês que nunca vi tanta gente bonita como vi naqueles três dias e pouco em terras holandesas. 

(por sinal, god bless the italians)

A verdade é que uma experiência que nem essa é que nem fotografia: tu pode tentar registrar (ou no caso, descrever) o melhor possível, mas nunca vai equivaler a ver com olho nu (ou no caso, vivenciar). Perde a textura, o ar. Nunca vai carregar o cheiro que tu sentias na hora, ou a música que tocava (eu dancei Taytay enquanto esperava o ano virar. Dancei e cantei. Alto.) Ou como lá, do outro lado do mundo, você sentia que tinha alguma coisa mudando mas não conseguia apontar o dedo no quê. E que uma foto (ou descrição) nunca, nunca, vai conseguir carregar o mesmo peso sentimental da hora do click. Uma foto de um pôr do sol pode ser bonita, mas assistir a um é muito melhor. O registro, no entanto, eu geralmente acho válido. Mas o momento... Não tem como igualar, né?

Hoje sinto aquele sentimento meio-amargo de: queria viver de novo, queria fazer mais. Mas life only moves forward, diria uma mãe que levamos anos pra conhecer e acabou morrendo no final, então estou aqui com ideias brotando, e melhor me planejando, pra quais que sejam as próximas aventuras que eu vou encontrar, e com #foco, #força e #fé, fazer acontecer no meio do caminho.

Música querida que tive o prazer de ouvir ao vivo, no dia em que eu cheguei
depois de 26 horas de voos, conexões e taxistas malditos. 
© AAAAAA
Maira Gall