quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Meu inferno tem flor

Sou uma reclamona nata, meus amigos sabem disso. Sempre tô com alguma dor, meus amigos também sabem disso. E a real é que não vejo a necessidade de ficar sofrendo com dor se eu posso tomar um remédinho pra aliviar. Por essas e outras já fui chamada de hipocondríaca, já me mandaram parar de tomar remédio, já me falaram que isso faz mal. Sei que isso parte é verdade e parte não é. Eu nem tomo mais tanto remédio, poxa. Só quando eu tô com dor chata. Uma dorzinha de cabeça eu tento deixar passar, uma cólica leve também, uma dorzinha no pescoço? Tudo bem, eu não vou mais tomar remédio por causa disso. Se o negócio se transforma em uma britadeira no cérebro, um alien no útero ou uma tonelada em cima das costas eu vou tomar remédio, porque dane-se, foram feitos pra isso e eu não suporto passar dor. É meio errado, eu sei. Todo mundo diz que um remédio que ajuda em x, piora y. Mas ainda assim, eu odeio passar dor, mas dor é palpável, é geralmente meio direta, e sabendo o que é, dá pra passar um gelol, uma pomada, apelar pra uma pastilha ou tomar um remédiozinho mesmo.

Eu não sinto dor no meu inferno com flor. Eu sinto que aos poucos sou possuída por um demônio que começa com r e termina com inite, e esse capeta tão, mas tão comum não dá pra exorcizar facilmente. Eu dedicar um post inteiro pra falar sobre isso já faz meu nariz coçar, porém no meu ínfimo eu sei que: só quem sofre de rinite sabe o quanto isso é ruim. Que fosse lá só o nariz coçando, mas a cada ano tá pior, tá mais forte, tá começando antes, e os remédios pra isso fazem cada vez menos efeito em mim.

Dois anos seguidos fui no oftalmo pra ouvir "tua visão é muito boa (hehe, doutô, eu como muita cenoura), isso parece ser só uma alergia ao pólen, vou te passar um colírio pra isso (fuck you, primavera)", num outro ano, depois de sofrer por duas semanas com dor no ouvido, fui no médico pra ouvir, de novo "tá tudo bem com o teu ouvido, isso provavelmente é da alergia, deixa eu te passar um sprayzinhooutrosprayzinhoemaisumremédioquetujátomafaztempo (meu Deus, como isso é justo?)", em outro ano, sofrida com uma tosse ridícula, seca, que tava combinada com uma dor de garganta que nem era bem dor e mais uma irritação constante, fui no otorrino pra ouvir, de novo e novamente, "isso não parece ser nada (do que eu tava pensando), é da alergia... deixa eu te receitar uma injeçãozinha (de corticóide) que tu vai ficar melhor, e mais um esse antialérgico aqui (que pasmem, doutô, eu já tomo!!!!!)".


Além do comum, combo nariz coçando e escorrendo, que destroem todas as chances de usar maquiagem ou batom, meus olhos lacrimejam, minha cara incha, minha garganta coça, meu céu da boca coça, meu ouvido coça e isso me põe numa pilha de nervos tão grande (em especial quando alguém me aparece querendo ser engraçadinho dizendo que não é pra tanto) que a única explicação, realmente, é que não seja alergia, e sim um demônio me possuindo que só vai acalmar um pouco a base de antialérgico — que faz mal, eu sei que faz mal pro coraçaum — que vai me deixar mais sonolenta que o normal, ou a base de injeção na bunda. A vida tem dessas coisas, mas não precisava. 

Às vezes quando eu vejo o vento batendo em determinadas árvores fico nervousar pensando "será se eu trancar a respiração e andar rapidinho a rinite não me ataca tanto?", e acreditem, eu já tentei isso. Mais de uma vez. Muitas vezes, pra ser sincera. E no final das contas eu acabo sempre lá, sofrida igual. Sem falar nas incontáveis vezes que acabei passando muito creminho pra bunda de neném entre o nariz e a boca pois ASSADA. A vida, diaba, tem-dessas-coisas

Esse post aleatório tá aparecendo aqui, no BEDA, em agosto, porque esse ano, mais de mês e meio antes da primavera, eu passei a última segunda-feira inteira com os olhos coçando, espirrando, perguntando pra @Deus qual era a necessidade disso, e querendo dar um flashforward pra dezembro porque não só eu vou tá de férias, mas eu vou ter parado de sofrer com essa época linda, florida, e que me envia diretamente pro meu inferno pessoal.

BEDA (blog everyday in august) #6

9 comentários

  1. Ai, guria! Que coisa mais triste ter alergia à primavera, gosto tanto dela! Mesmo assim não consegui não imaginar a sorte que você teve de nascer no Brasil, né? Imagina se fosse num país com estações REALMENTE marcantes e PRIMAVERAS de fato?
    Eu sou o contrário de você em relação aos remédios. Minha mãe não se conforma com minha ~mania~ de ficar sentindo dor (?) sem tomar nada pra passar, mas sei lá, eu tenho a sensação de que quando a gente toma remédio a dor vai ficando mais resistente, sabe? Tipo, acho que quando mais remédio de dor de cabeça eu tomar, mais forte ela vem da próxima vez, só de zoa. HAHAHAH
    Enfim! Cada louco com as suas manias, não?

    Beijo!

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  2. Ai miga, me abraça. Alérgicos unidos serão vencidos, sim, porque nada cura esse inferno, mas pelo menos a gente pode reclamar sem ser julgado. Na verdade eu nem me sinto no direito de reclamar hoje porque já melhorei muuuuuuuito, estou praticamente curada. Mas lembro até hoje do dia que minha mãe precisou tirar todos (TODOS) os bichinhos de pelúcia do meu quarto, tirar as cortinas, trocar o edredom e toda a roupa de cama pra tecidos antialérgicos (?) e como isso me traumatizou na infância. Sou toda manchada em alguns pontos porque a minha atacava a pele também e eu coçava, coçava, coçava até machucar e ficar marcado. E na época do ensino médio, enfiada por quase 12 horas por dia numa sala com ar condicionado, eu tinha um episódio de rinite forte por semana. No terceiro ano, então, com a imunidade baixa por conta do estresse, meu estado normal era doente, sabe? Tanto que nessa época tive que fazer uma ~rehab~ nessa época, porque os remédios pararam de fazer efeito. Uma vez eu comecei a chorar de raiva, não aguentava mais. Acho que o combo nariz e garganta coçando + olhos lacrimejando é o pior. Eu espirrei na aula sete e meia da manhã e sabia que a partir daí eu não ia mais parar de espirrar, nem meu nariz ia parar de escorrer, e dali meia hora a cabeça ia começar a doer, e eu ia ter que, de novo, sair mais cedo, tomar uma bomba de remédio e dormir até passar.

    Mas enfim, depois que saí do ar condicionado todos os dias melhorei consideravelmente, e acho que hoje em dia tenho tipo 2 ou 3 crises alérgicas por ano. Na primavera. Lógico. Tempo muito seco, calor, tudo volta. E volta a da pele também, que eu só tinha quando era criança, pra garantir que as manchas que eu tenho NUNCA vão embora.
    ~~fim do depoimento amargo~~

    Boa sorte pra nós!
    beijos

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  3. Não tenho alergia nenhuma (que eu saiba), mas, nossa, posso imaginar como é tenso. Ainda mais a pólen! Eu não gosto de tomar remédio, mas tenho dores de cabeças constantes. Virei o louco do Advil assim que descobri esta coisa incrível chamada alívio imediato. Mas eu tento me conter. Assim como a Ana Luísa ali em cima, tenho medo de usar demais e a dor de cabeça ficar resistente (nem sei se isso é possível) que nem bactérias mal tratadas.

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  4. Acabei de espirrar aqui. Pela vigésima vez só nessa manhã. Porque parece que quando uma coisa tem grandes chances de dar merda, ah, ela vai dar. Só pela zoeira. Comecei a ler teu texto e fui me identificando com cada frase porque também sofro de rinite. E sei bem como é não ter nenhum remédio novo que possa ajudar. Já tomei de tudo um pouco e nada faz passar. Às vezes passo um tempinho respirando aliviada, mas logo sinto aquela coceirinha no nariz, os olhos começam a lacrimejar e segura que lá vem mais um período de martírio, nariz assado e lencinhos carregados pra tudo que é lugar.

    Eu faço odonto, nós temos as clínicas que são todinhas fechadas com ar condicionado de 1900 e antigamente... Pensa. Eu tenho que usar máscara de proteção, luva... Quando começo a espirrar, sai de baixo.

    Não tem conclusão inspiradora nem nada do tipo, só me senti abraçada por esse post e quero dizer que te entendo. Tamo junta. Boa sorte pra gente.

    Beijo!

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  5. Ai amiga, me abraça. Eu não tenho um problema com flor, mas tenho problema com alguma coisa, que pode ser a clássica poeira ou só um produto de limpeza com cheiro forte demais (ainda que um cheiro bom) que de repente faz meu olho coçar e a garganta coçar e o nariz escorrer e às vezes ficar entupido (como um nariz consegue ficar entupido e escorrer ao mesmo tempo ainda é um mistério). Acho que as pessoas que convivem comigo, especialmente as do estágio, não aguentam mais me ver tendo essas crises e devem acreditar que eu só vivo gripada. Não tenho problema em tomar remédio, mas ultimamente tenho achado um saco ter que tomar sempre, sinto que vou morrer muitos anos antes por causa disso. Espero que não.

    beijo <3

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  6. ai eu entendo, compreendo demais, tó aqui um abraço virtual *abraça*
    sofri a vida inteira com essa porcaria de rinite e os anos de colégio eram infernais (especialmente pela fatídica pergunta: "vc está com gripe?" que odio mortal)
    Hoje em dia eu estou bem e tudo isso se deve a uma vacina mágica que eu tomo desde os 12 anos. Vc já ouviu falar? Tô chovendo no molhado?
    Sei lá, me ajudou muito, vc toma toma semana a vacina, depois de quinze em quinze, depois vez por mês etc e aí para. Daí vc fica tipo um ano sem espirrar, é tão lindo <3
    Depois volta porque rinite não tem cura. Oremos.
    Mas daí vc recomeça a vacina outra vez, e fica tudo bem.
    Eu tenho crises de vez em quando, e passo o dia todo espirrando e desejando morrer. Mas em comparação com antigamente estou muuuuito melhor. Eu tinha tosse, bronquite asmática, o olho inchava, a garganta coçava horrores, todo esse combo que vc descreveu. E só quem tem sabe que não dá pra viver assim.
    (nossa, escrevi um livro?!)

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  7. Meu Deus, fiquei toda agoniada lendo teu post! Deve ser mesmo terrível passar por todo isso, e ainda por cima, todo ano. Não tenho rinite, mas minha irmã tem. Aqui em casa a gente sabe que ela acordou quando começa a maratona de espirros - acho que ela fica uma boa meia hora só espirrando. Aí os olhos lacrimejam, passa o dia fungando, um horror. Acho que não desejo rinite nem pro meu pior inimigo (mentira, pra ele eu desejo sim, falsiane). HAHA, um beijo ~~ e boa sorte aí!

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  8. Eu tenho umas alergias muito loucas, incluindo rinite e alergia ao pólen, ou seja, alergia à primavera. Não consigo nem comer maçã sem sentir a boca ficar adormecida por conta de resquícios de pólen, hahahaha (mas como mesmo assim, claro).

    É triste a vida da pessoa alérgica. :x

    Beijo ;*

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  9. Mas esse texto me descreveu de tal forma que eu compartilho de cada palavrinhazinha. E eu acho ótimo que as pessoas não levam em consideração nada disso porque é tudo frescura. No meu trabalho tem uma moça que gosta de acender incenso e aí um dia, por exemplo, o boss chegou com o negócio soltando fumaça NA MINHA CARA assim "OLHA COMO ESSE CHEIRO É BOM!111". E eu: então pfvr tira isso de perto de mim porque olha, já acabei com uma caixa de antialérgico essa semana e neosoro idem. Aí ainda ouço "mas isso faz bem, ajuda etc". E fico pra querer morrer. Mas esse é só um dos exemplos, as pessoas gostam de enfiar de um tudo no meu nariz.
    Mas sensação mais odiosa quando acordo de madrugada com o nariz tapado e/ou com rostogargantaouvidocéudaboca coçando não há. Tenho vontade de arrancar na unha e tb a certeza de que um dia algo muito bizarro vai acontecer de tanto que coça. Bronquite alérgica, prazer.

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Maira Gall