quarta-feira, 2 de março de 2016

Perdi algo?

Ontem eu saí da aula mais cedo. É algo que faço com certa constância, esse negócio de sair da aula de quinze a vinte minutos antes do final da mesma. Eu faço isso porque gosto de chegar em casa um pouco antes e poder tomar meu iogurte de manga em paz, limpar o rosto em paz, e ter uns vinte minutos pra fazer alguma coisa antes de ir dormir. 

Ontem e antes disso, ao sair da sala, eu fiquei com a sensação de que tinha deixado um pedaço de mim, ou meu estojo, ou meu celular, ou alguma coisa super mega importante como uma epifania em sala de aula pra trás. Coisas sem relação que me colocaram em uma mesma pilha muito errada. 

Eu não deixei, é óbvio. Eu jogo tudo o que tenho dentro da minha bolsa e muito provável que eu só deixei de ouvir ao vivo algumas groselhas das quais tenho acesso nos slides postados pelos professores. 

expliquei aqui, mais ou menos, como rolam as coisas entre a vida acadêmica e eu. E nem era disso que eu queria falar. Era mais sobre essa sensação que, nos últimos tempos, mais do que nunca, anda me afligindo. Essa sensação de que estou perdendo algo. 

Literalmente perdendo algo e coisas e oportunidades.

Essa sensação de que por ir em x lugar, eu perdi a diversão de y. Que por não querer sair, eu tô perdendo a minha vida. Que por sair, eu deixei alguma coisa física e real pra trás. Eu passo o caminho todo ansiosa, pensando que deixei minha carteira lá, embora eu já tenha visto ela duas vezes dentro da minha bolsa. Passo o caminho todo pensando que alguém vai chegar desesperado procurando por mim e eu não vou estar lá. Configurando o "lá" como qualquer lugar onde eu não esteja. 

Um dia desses conversando com as gurias da Máfia alguém jogou na mesa a ideia do FOMO, uma condição psicológica que faz com que a gente se sinta por fora do que anda acontecendo, perdendo algo. O Fear of Missing Out atinge principalmente quem é viciado em mídias sociais. Talvez eu, e você, soframos um pouco ou muito com isso. Mas não é exatamente essa a sensação que eu ando experimentando. Eu acho. Uso cada vez menos o Facebook, o Instagram eu ando abrindo lá a cada morte de bispo, e o Snapchato eu não guento mais. Claro, aquela festa cheia de tinta neon que o pessoal que eu sigo nas ~redes~ foi, e eu não, parecia estar demais, porém a realidade é que minha vontade de festa caiu bastante e só a ideia de ficar acordada até Altas Horas da Madruga™ me dá sono. Espero do fundo do coração que essa vibe passe, porque eu gosto de festar. 

De qualquer maneira, o que sinto é que eu poderia estar fazendo e sendo mais, e estou sendo menos. Que poderia estar lendo dezenas de livros por ano, mas estou assistindo filmes no lugar. Ou que poderia estar estudando mais, mas prefiro dormir no lugar. Não importa o que eu escolha fazer, não importa se eu genuinamente queira estar assistindo dez episódios de comédia um atrás do outro, lá no fundo algum monstrinho aqui dentro tá zunindo no meu ouvido e dizendo "mas você poderia estar fazendo tal coisa". Quero muito mandar ele ir pra casa do caralho, mas eu caio no erro de responder "sim, sim, sim" pra esse djiabo e depois bate aquela frustração.

Talvez eu precise otimizar meu tempo ou praticar mindfulness. Talvez eu precise rever meus conceitos e focar em uma coisa de cada vez. E, sem talvez e com toda certeza, eu preciso parar com isso, preciso controlar essa sensação, esse medo, essa agonia, porque caso contrário, migos, não vai rolar. A cada novo dia é um novo prato frio de decepção que eu sou obrigada a comer unicamente porque eu me obrigo a isso. E eu não sou obrigada, eu sei que não sou obrigada, só preciso aprender a colocar isso em prática.


Obs.: no momento sentindo que perdi a oportunidade de escrever um post decente, e por isso só lamento meus companheiros e companheiras. Amo vocês, mas ultimamente tá foda produzir. 

15 comentários

  1. Ando com o mesmo sentimento...
    Blog super atualizado com as novidades da cerimônia do casamento e da viagem da lua de mel! Passa lá quando puder.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

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  2. Um ano atrás (mais ou menos) eu li sobre FOMO (nesse blog aqui: http://www.felizcomavida.com/o-medo-de-estar-perdendo-algo) e percebi que era exatamente aquilo que eu estava sentindo. Minha cabeça não para de pensar em tudo que eu deveria estar fazendo (quando estou fazendo algo útil, ou em dias como o de hoje, que não fiz nada mesmo e fiquei a tarde toda me sentindo uma inútil) e isso é um puta de um saco. Não sei muito o que falar pra dar aquele apoio moral (hahaa) mas esse texto da fernanda neute falando sobre isso é ótimo, vou até reler aqui.

    Obs: comentários sobre esse aí de cima me dão vontade de bater com a cabeça na mesa sem parar, 100or!

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  3. Miga, o post tá ótimo! Não sinto exatamente esse medo, mas te entendo sabe? Também tenho um monstrinho na minha cabeça me azucrinando e julgando toda decisão que tomo. Por exemplo, to querendo largar a faculdade, mas aí fico pensando em todas as oportunidades que vou perder, que isso que aquilo e blablabla e ai, que saco! Espero que você consiga se livrar disso e aproveitar mais, e quero te ver no Lolla! <3

    beijo!

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  4. Amiga, vamos acreditar que isso é uma fase e que ela já já vai passar, ok? Entendo completamente esse sentimento, mas o que tenho notado é que ele acontece em ciclos e, talvez (com certeza?), você esteja tendo picos de ansiedade. Eu super assim de achar que esqueci de fazer certas coisas (já voltei quatro vezes na porta de casa pra ver se tinha trancado, por exemplo). Acho total válido praticar meditação + esporte pra lidar com isso. O esporte ajuda mesmo nesse sentido porque você fica lá só ocupando a cabeça com "POR FAVOR, ACABA LOGO PUTA QUE PARIU TÁ DOENDO TUDO" e aí depois dá aquela sensação de dever cumprido e você esquece do mundo ao redor. Tem me ajudado muito. Ou simplesmente o ato de arrumar coisas, faxinar, lavar louça #donadecasa HAHAHA
    Arranja uma atividade pra ocupar a cabeça, sabe, sem ser assistir filme. Como disse a Palo no texto dela TIRA O PREGO DA SUA BUNDA!!!!


    Beijos <3

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  5. Miga, me abraça que eu sei bem o que é isso! Tá, eu costumava sentir isso com mais força uns dois anos atrás e agora meio que acabei me controlando e acalmando. Não temos um Vira-Tempo afinal de contas, e não dá para estarmos em todos os lugares ao mesmo tempo (bem que eu gostaria, hahaha). Mas o que quero dizer é que eu sei o que é viver pensando em tudo o que poderia ter sido se eu fizesse isso ou aquilo. E isso não é o jeito mais saudável de viver, né? E eu sei que é bem mais fácil dizer do que falar, haha, mas não se deixe levar por isso. Viva o momento, esqueça as complicações. =D
    Beijo, beijo!

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  6. Amiga, esse post me represente num grau que você não tem noção! Hoje, principalmente, estou com uma sensação insuportável de que tô perdendo tudo. Oportunidade, tempo, a chance de fazer qualquer coisa útil da minha vida quando estou completamente à toa no computador - e aí eu reclamo que nunca tenho tempo pra nada, mas eu poderia fazer TANTA coisa se eu não perdesse tanto tempo. É um ciclo eterno, é uma angústia pavorosa. Prometi pra mim mesma que esse ano eu trabalharia meu foco, minha mente, porque viver assim é muito difícil. Vamos juntas? <3
    beijos!

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  7. Já sofri muito com FOMO, principalmente na questão afetiva/amorosa, achando que era melhor eu ficar solteira do que com aquele cara que eu gostava e que gostava de mim e, sério, esse medo só nos leva a burradas. Ele não nos deixa fazer escolhas porque temos medo do que estamos abdicando, e uma das coisas essenciais DA VIDA são as escolhas. É através delas que a gente aprende, se arrependendo ou não. O que a gente realmente tem que fazer é aprender a gostar de nossas escolhas, não olhar pra trás, não ficar pensando no quê a gente pode estar perdendo porque, hey, do contrário, teríamos que nos contentar em perder outras coisas de qualquer maneira. E se um dia a gente não se vê mais contente com as escolhas que fizemos, a gente sempre pode fazer novas - claro que as alternativas dependem daquilo que escolhemos antes, mas sempre há uma saída.

    Espero que essa maneira de pensar te ajude de alguma forma.
    Beijinhos.

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  8. Que sentimento agoniante esse, né? É horrivel isso de que você tá fazendo algo, mas pensa em outras coisas que poderia estar fazendo e ai cai nessa tortura, e acaba também não aproveitando o resto. Eu vivo nessa de as vezes deixar esse sentimento tomar conta de mim, mas tb tenho momento de que taco o foda-se mesmo e se eu quero passar uma tarde só vendo seriados, vou curtir cada minutinho daquilo sem arrependimentos, pq se for pra viver nessa, a gente acaba pirando e não aproveitando nada. Boa sorte pra gente e vamo mandar esse diabinho pra longe!
    :)

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  9. representou tanto o meu 2015 que eu nem sei o que dizer além de: FORÇA! é foda, é um saco. mas uma hora passa, assim eu (sempre) espero.

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  10. Amiga, cheguei. Eu tô ridiculamente inativa, tanto no meu próprio blog como no fato de mimar quem devo mimar, por isso estou toda atrasada e falhando, mas olha, vou tentar ser mais na vida, tá? Nem me fale em FOMO que sou rainha disso, até fiz uma newsletter sobre o tema. Sempre acho que to perdendo tudo, é foda.
    Beijos!

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  11. Miga não te conhecia mas já te considero!
    Sei que sensação é essa, passo por isso e já tô me controlando, até porque só quem pode fazer isso somos nós mesmos.

    Às vezes vem essa vozinha e eu corro logo pensar em outra coisa.
    Eu percebi que me sinto assim se eu deixar de fazer algo que é necessário no momento, tipo minha hora de estudar eu tenho que priorizar, depois vejo outras prioridades e só depois me deixo fazer qualquer outra coisa, quaisquer que sejam. Isso resolveu por parcela.

    Mas quando eu saio me dá a angústia no coração, então eu paro e penso no que estou sentindo e vejo que não faz sentido, se eu fizer isso hoje, amanhã eu faço outra coisa, eu divido o que acho necessário fazer, pra eu me sentir menos ansiosa com a vida.

    Bom, sigo aprendendo comigo
    Espero que você consiga achar seu meio.

    xero grande

    http://rascunhosehistorias.blogspot.com.br/

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  12. Amiga, eu queria poder dizer que fica tudo bem, que isso tudo é uma fase, que mais hora menos hora vai passar e tal, mas só consigo me identificar profundamente com cada linha do que você escreveu. Já sofri muito com FOMO, mas hoje, assim como você, não me preocupo tanto. Mal uso o Instagram, cago baldes pro Facebook, e tudo bem usar o Twitter e o Snapchat só quando eu realmente posso, quando tenho tempo e paciência pra isso. Mas essa sensação de que eu podia estar fazendo alguma coisa com a minha vida, que eu podia estar APROVEITANDO MELHOR a minha vida, é assustadora, terrível, e está presente quase o tempo todo. Não sei o que a gente faz pra melhorar, não sei se existe um jeito de melhorar. Então me abraça?

    beijo <3

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  13. Ai, Ana. Seu post me ajudou a entender o que eu sofria muito na adolescência e o que eu sofro de vez em quando hoje. Eu não conhecia o conceito do Fear of Missing Out.

    Sabe, quando eu estava na escola e nos meus pre-teen days, minha mãe era muito controladora e sequer me deixava ir fazer trabalhos na casa das minhas amigas, porque ela sabia que na maior parte do tempo faríamos tudo menos o trabalho, e se esse não era o propósito, eu não iria. E, bem, ela tinha razão, era isso mesmo que acontecia, mas mesmo assim eu me sentia péssima, porque eu imaginava minhas amigas se divertindo e fortalecendo laços sem mim, eu ficaria deslocada e seria o fim. Claro que hoje eu entendo que as amizades verdadeiras vão além disso, mas para uma menina de 12 anos era uma tortura. E hoje em dia eu fico me torturando da mesma forma que você, fazendo uma coisa e pensando que eu poderia estar fazendo outra. Sentindo que estou negligenciando todas as áreas da minha vida e que eu tenho que me desdobrar para dar conta de tudo quando eu não posso ou não quero. Não tenho problemas em me ausentar em redes sociais, porque o tempo em que estou ativa e vejo que pouquíssimo conteúdo me interessou me convenci de que twitter, facebook e afins não é um big deal (a menos quando sai alguma notícia sobre o revival de Gilmore Girls e eu não sou a primeira a ver, aí fico muitíssimo incomodada, risos).

    Às vezes tento conversar comigo mesma e me convencer de que está tudo bem fazer certas escolhas e que eu não vou sofrer consequências terríveis por estar respeitando as minhas vontades. Não estou machucando ninguém e eu duvido muito que o tempo que eu levei assistindo o episódio novo de alguma série seria o mesmo momento em que eu receberia uma proposta de ouro seja ela qual for. Não estou no lugar para isso.

    Enfim, espero que essa sensação e você se sinta um pouco melhor em breve. E esse post foi decente, como todos os outros que você escreve, então largue de bobeira pelo menos com o blog, miga.

    Beijinhos!

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  14. Me identifiquei um pouco com o seu texto, mas acho que esse já é um sentindo tão usual na minha vida (tipo, desde sempre) que eu já estou acostumada e convivo bem com ele, bebemos chá de vez em quando. No meu caso, isso aumentou quando eu entrei na faculdade. Não há absolutamente nada que eu faça sem que eu pense que eu deveria estar estudando... E acaba que eu não estudo (porque não consigo me concentrar) e nem faço outras coisas (porque fico com peso na consciência achando que eu deveria estudar) hahah Penso que conseguir controlar melhor a ansiedade e planejar melhor os nossos dias pode ajudar. Enfim, primeira vez que passei no seu blog e já gostei muito. Voltarei mais vezes, um abraço!

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Maira Gall