domingo, 24 de janeiro de 2016

Imagina quando tiver problema

Certo dia num passado não tão distante, depois de chorar alguns consideráveis litros e soluçar algumas dezenas de vezes, mamain, muito da sábia, me soltou uma frase que ainda está ecoando aqui dentro: 

̶̶̶̶  Se tu fica assim agora, imagina quando tiver problema? 

Claro que, colocando em perspectiva a minha vida com a vida da minha mãe na minha idade, eu sou muito da privilegiada. Nunca passei fome, diferente dela. TV tem na minha casa desde que eu era pequena. Eu não preciso trabalhar pra colocar comida em casa, uma casa com pais e seis irmãos pra dividir o arroz que nem a dela. Eu preciso trabalhar pra poder comprar minha calça jeans, me graduar na faculdade, e, entre um momento e outro, beber uma cerveja ou assistir a um show internacional. Contudo, eu entendo o ponto dela. De verdade. Eu seria uma péssima adulta se precisasse lidar com o que a mamãe lidou e ainda lida. A vida é mais fácil agora, mas ela nunca é fácil o suficiente. 

A perspectiva é o que mata. Quando a gente tem ou teve o pior, um ruim, em tese, não deveria afetar tanto. Quando a gente teve algo melhor, eu diria que a perspectiva fica ainda mais dolorida: foi bom, foi ótimo, e agora não é mais. 


Só que as coisas não funcionam assim. Todos os dias eu tento, pouco a pouco, enfiar na minha cabeça que eu preciso validar o que sinto porque ninguém vai fazer isso por mim. Todos os dias eu tento me educar a não pedir desculpas por... Bem, sentir. É um trabalho árduo e não são poucas as vezes em que eu própria tento me convencer de que estou sendo dramática e exagerada por ficar triste demais, ou qualquer outra coisa demais. Pouco importa se ler algo fez meu estômago apertar, se ouvir algo fez minha garganta fechar ou meus olhos encherem de lágrimas, eu sou super rápida em achar um ataque contra mim mesma. Contra o que eu sinto.

Mas eu já estou melhorando. É sério. Estou aprendendo mais. Sabendo o que me deixa mal, o que me deixa estressada, o que me deixa sensível. Eu ainda fujo de confrontações como o diabo foge da cruz pois confrontações me fazem chorar ou me deixam com raiva, e passar raiva me faz chorar ou eu me sinto pressionada, e sob pressão eu quero chorar porque that's how I roll. It's all fun and games até eu virar uma gelatina de lágrimas.

"Comparing yourself to others is an act of violence against your authentic self." 
— Iyanla Vanzant

Em algum momento entre a minha infância e a adolescência eu passei de uma criança que dava oi da porta de casa pra mendigo que passava na rua (de acordo com a matriarca), pra uma adolescente fechada que se achava way too good pra sentimentos. Sim, ridícula assim mesmo. Eu fiz minha boa parcela de amizades, embora tenha perdido algumas delas. Eu consigo manter um grupo considerável de amigos apesar de não conseguir criar nenhum novo laço muito relevante. O muro do se achar way too good pra sentimentos caiu por terra, mas um outro muro esquisito nunca desapareceu: aquele que até me deixa conversar (se em um grupo) e conhecer gente nova, me faz gostar das pessoas, mas alguma linha invisível me pára ali, e, na minha cabeça, é só porque eu não sou funcional o suficiente pra engajar em novos relacionamentos. E eles precisam ser relevantes, porque meio-algo nunca foi pra frente comigo.

Quando, então, como por um milagre do destino, eu engajo em algo novo, eu espero e coloco muita fé de que aquilo, aquela relação de amizade, vai ser a+ e grandiosa. Introverts don’t get lonely if they don’t socialize with a lot of people, but we do get lonely if we don’t have intimate interactions on a regular basis. Por esperar mais e considerar mais, eu, que estou longe de ser a melhor das amigas, namoradas e filhas, sofro 967% mais quando alguém que pra mim é o melhor (de novo, meio-coisas não vão pra frente) faz algo que, mesmo que sem intenção, resultam em mágoa.


Penso comigo e com os meus botões que meus problemas, grandes ou pequenos, são válidos a partir do momento em que eu sinto algo em consequência deles. Aquilo que me dá alegria e felicidade é válido a partir do momento em que eu sinto algo em consequência deles. Não importa se pros outros parece pouco ou muito, eu devo mais a mim do que a eles. 

Nesses momentos, em que penso com os meus botões, percebo que eu sou um universo particular e o outro também é. Nenhum de nós é o diferentão special snowflake, mas todos nós passamos por merdas e realizações diferentes que nos afetam de uma série de maneiras diferentes. 

Esses dias, no que eu previa ser um dia de merda e de fato foi, entrei num prédio e fui pegar o elevador. Chegando na fila vejo que o cara da frente não havia pressionado o botão pra chamar o elevador (sou da ideia de que existem pessoas que não sabem como eles funcionam), e por isso passei na frente dele pra chamar o negócio. Já voltando pro meu segundo (!!!) lugar da fila, o homem me solta um: "tem fila, querida.", num tom grosso da maneira que vocês podem imaginar. Eu, que já previa um dia de merda, anuí baixinho e, ali, por causa disso, senti vontade de chorar. Dez minutos depois eu já havia pensado em 207 maneiras igualmente grosseiras de responder, mas né, passou. Deixa pra lá. Talvez em uma outra realidade, em que naquele dia meu cabelo estivesse bom, eu tivesse acordado animada e sem medo de fazer um exame, eu teria só concordado e dado um sorriso amarelo e nunca mais recordaria daquela pseudo-patada muito mundana. Só não naquele dia, e não em outros dias também. Ocasionalmente uma palavra atravessada, uma brincadeira de mau gosto, uma falta de consideração, ou mesmo ser ignorada e/ou deixada de lado doem mais, e às vezes essas mesmas coisas passam batido ou com muito pouco estrago.


Então, não, talvez eu não tenha os mesmos problemas que o resto do mundo (ainda bem!). Eu não passo fome, não sofro de nenhuma doença grave (que eu saiba), não passei por nenhum trauma psicológico, mas sou carne, osso e alma e, felizmente, ainda sinto. Dos sentimentos agoniantes, o pior que já senti foi não sentir nada. E, como diria Florence Welch, you are flesh and blood and you deserve to be loved and you deserve what you are given. 

20 comentários

  1. Esse texto falou muito comigo, Ana, e acabou que eu tô aqui olhando pra tela do computador querendo desabar em lágrimas (???????) e sem saber direito o que escrever, então eu vou tentar não ser toda errada e sentimental e acabar fazendo da sua caixa de comentários um diário e vou dizer apenas que eu te entendo, e que tamo junto, e obrigada por esse texto inteiro. <3

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  2. Ana!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Meu deus do céu, eu poderia ter escrito esse texto. É exatamente isso tudo o que eu sinto em relação a algumas situações na minha vida, com a exceção de que não consegui manter vários amigos porque me fechei na minha bolha por muito tempo e talvez isso me machuque mais do que eu consigo considerar.

    Minha mãe já chegou a falar pra mim que eu não tinha motivo pra estar chorando e que a vida era muito mais do que eu vivi até agora. Isso me assusta pra caramba quando penso e prefiro evitar o pensamento porque tenho uma tendência horrível de surtar com pouca coisa. Você também é assim, né.

    Acho que esse negócio de ficar mal de verdade quando é destratado é coisa de leonino, né? Não sei até onde você acredita em astrologia, mas eu sou leonina e acredito demais porque um aumentozinho de tom já consegue me quebrar por dentro. É foda. E as pessoas acham que somos fortes porque estamos sendo alegres e superando dificuldades, mas na verdade tá tudo cagado aqui dentro e ninguém sabe.

    Sabe o que faço pra acalmar um pouco? Começo a acreditar que é só uma fase ruim. Porque no fundo é. Os anos vão fazer você ficar mais forte, mas pra chegar nisso a gente vai sofrer um pouco, né? Sua mãe é forte por isso, a minha também.

    Estamos só começando.

    <3 beijos e tenta acalmar o coração

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  3. Ai, Ana. Vem cá e me dá um abraço, porque seu texto dialogou muito comigo, e me fez lembrar do fatídico último ano da faculdade que provavelmente foi ano mais impiedoso da minha vida. Eu tentava conversar com minha mãe, pai e irmão, e eles sempre vinham com uma fala parecida com a da sua mãe. E eu, que já estava me sentindo como tivesse sido cortada por uma navalha 300 vezes, só recebi mais um, dois, três cortes. Afinal de contas, como fazer as pessoas perceberem que quando há sentimentos envolvidos, as soluções não são práticas, assim preto no branco? E que dizer que existem pessoas em situações piores que as nossas não nos vai fazer melhorar como um passe de mágica? Mas eu não os culpo, sabe. Nem todo mundo tem a sensibilidade aguçada para saber identificar o momento certo de ter empatia com a pessoa, ao invés de tentar "corrigi-la". Noção de perspectiva a gente tem, fato. Tudo que precisamos é de alguém para nos confortar por uma horinha que seja, até ficarmos fortes o suficiente para seguir com a vida e até dar mais atenção ao problema dos outros e do mundo. Seus posts tem uma série de quotes que eu amo, e um devaneio que acho muito válido. Fique bem, Ana. Qualquer coisa, é só dar um grito em qualquer rede social. <3

    Já falei que eu amei o novo layout? Porque amei muito. Adorei esse tom meio cereja e a arvorezinha ali deu um charme.

    Beijinhos. <33

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  4. Ai Ana, te entendo tanto! <3

    Se te serve de consolo, você não está sozinha <3
    fica bem!
    beijos

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  5. Ué, o Blogger resolveu comer só o meio do meu comentário e deixar o início o final. Até que fez sentido, mas que bom que eu tinha copiado antes pois SEI COM QUEM ESTOU LIDANDO, NÉ, SENHOR BLOGSPOT.

    Enfim, segue:

    Eu vivo numa constante batalha com meus sentimentos. Muito nova eu internalizei que precisava ser forte, que as pessoas não eram obrigadas a lidar comigo sentindo as coisas, e que eu tinha que bloquear tudo isso, e é muito difícil esquecer desses instintos. E quando consigo me permitir SENTIR, principalmente tristeza, raiva, frustração, coisas ruins no geral, de brinde vem o sentimento que tudo aquilo é fútil, que eu não sei nada sobre a vida e não sei o que é sofrer.

    Tenho uma amiga que sempre que eu começo a pedir desculpas por não estar bem me lembra que o câncer do vizinho não cura meu resfriado, e que todo mundo está vivendo uma batalha. Não lembro se você já leu o livro da Amanda Palmer, mas ele me ajudou muito nesse sentido. Ela fala sobre pedir e se mostrar vulnerável em todos os sentidos, para manter relações e aceitar carinho e cuidado, para assumir para você mesma e pros outros que você também precisa de carinho e cuidado, e aceitar os cookies que a vida às vezes oferece. É um livro muito bom ao qual eu recorro sempre que estou ficando pinéu dentro da minha cabeça. Espero que ajude <3

    agora sim, beijo!

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  6. Ana, querida, toma aqui um abraço pois: entendo.
    Concordo com o que você disse sobre só nós mesmos podermos validarmos nossos problemas, e o fato de que eles podem não ser tão grandes, mas são os nossos, oxe. Mas óbvio que o problema do outro pode ter aquela função de lembrar a gente que a gente não tá tão mal assim e ajudar a sacudir a poeira. Viver em sociedade tem dessas coisas.
    Mas todo mundo tem o direito a ter seus momentos. Sentir demais, se frustrar, se decepcionar, isso é viver! #dropsdeautoajuda

    Beijos!

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  7. Eu já senti que iria amar o post quando vi os gifs da Little Grey e da Mer. Muito amor por essas duas. <3

    Eu sei exatamente como é, Ana. E concordo demais quando tu diz que "nada" é pior do que sentir, de fato, alguma coisa.

    Já passei por fases de querer não sentir nada, ser fria, etc, mas sempre cheguei à mesma conclusão: é melhor sentir infelicidade ou raiva, às vezes, mas compensar com boas risadas e momentos felizes contrabalanceando. Esse equilíbrio é maravilhoso.

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  8. Nossa, me abraça, essa sou eu também. Com a diferença que se o babaca do elevador me pega num dia ruim eu tinha respondido logo na cara que o elevador não responde a telepatia.

    Volta e meia eu engulo meus sentimentos, ou sento em cima deles, por causa dessa história de "tem tanta gente passando por coisa pior". E isso é bem verdade, sim, mas os nossos sentimentos também são válidos. Mesmo quando a gente está triste/feliz apenas por estar triste/feliz. Os sentimentos são nossos e fim.

    E também te entendo infinitamente sobre essa dificuldade de se apegar a pessoas novas, e exigir demais daquelas que conseguem ultrapassar a barreira. É um prato cheio para nos ferrarmos, mas não dá pra ir contra quem a gente é, né?

    Beijos.

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  9. Lembro de uma cena de Jessica Jones em que ela fala sobre sofrimento não ser uma competição. Porque sempre vai ter alguém que sofreu mais então se formos esperar alguém validar nosso sofrimento... Ninguém o fará, tem que ser nós mesmos.
    Às vezes nos sentimos meio sem graça de desabafar com alguém que já está passando por muita coisa. Mas nesse processo de ficar escolhendo o melhor momento para falar as coisas nós nos impedimos de sentir as coisas direito. A gente precisa sentir as coisas na hora certa para que depois elas não voltem cobrando a dívida.

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  10. Tô na dúvida aqui se amei mais esse seu texto, ou esses gifs de greys que colocou no post (inclusive, melhor série para pessoas que sentem demais, né?). Minha mãe tb já me jogou na cara muitas incontáveis vezes o quanto eu não tenho problemas e todos os problemas reais que ela já passou na vida. Mas como você disse, é outra perspectiva. Eu sei de tudo (ou quase) que já rolou na vida dela, mas eu sei o quanto meus problemas importam pra mim, me tiram o sono, me fazem ter crises de ansiedade e enfim. A vida é assim, cada um tem seu jeito de lidar com as tretas. Tem gente que se sai melhor, tem gente que não consegue passar ileso vendo o lado pollyana de tudo, e assim vai.

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  11. Deixa primeiro eu dizer que uma das melhores coisas sobre ter voltado a ~blogar~ provavelmente não é o ato de blogar em si, mas as pessoas que conheço por causa disso. Nesse tempo todo que fiquei afastada desse mundinho, me limitei a continuar acompanhando somente os blogs das minhas amigas e olhe lá, mas fico imensamente feliz de você ter deixado aquele comentário no meu blog, porque esse texto que acabei de ler, de uma Ana que deveria ser mais generosa consigo mesma e com seus sentimentos, poderia ter sido escrito por mim também.

    Ana, esses dias eu tava fuçando minha agenda e encontrei uma quote que acho que se encaixa perfeitamente aqui: "if your compassion does not include yourself, it's incomplete". Fiquei o dia todo pensando nisso e, poxa vida, nós estamos sempre nos colocando no lugar das outras pessoas e tentando comparar de forma simétrica coisas que são incomparáveis em qualquer universo possível. Eu, pelo menos, sempre me pego pensando (e dizendo pras minhas amigas) que "você não controla o que sente", "você não escolheu se sentir assim", "você precisa parar de descreditar seus sentimentos" e toda uma lista que segue por essa mesma linha de raciocínio. Na hora de aplicar isso ao que eu sinto e as situações que me provocam algum tipo de emoção que tento a todo custo ignorar, todos aqueles conselhos evaporam da minha cabeça e, bom, você já sabe o que acontece.

    Nossos problemas podem não ser os maiores do mundo, as pessoas podem estar morrendo de câncer e de fome por aí, mas dentro do nosso contexto, do que acontece na nossa vida, problemas ainda são problemas. Resiliência extrema não é a solução. A solução é praticar em nós mesmos aquilo que praticamos todos os dias em relação aos sentimentos dos outros: empatia.

    E muito obrigada por essa curadoria maravilhosa de gifs das irmãs Grey, caiu uma lágrima de sdds de Alexandra Caroline Grey aqui.

    Beijoca <3

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  12. Ah, Ana, esse post foi pra mim? Pq, olha, identificação total. Também sou do grupo de pessoas que sente demais e sente com força. Me preocupo, me descabelo, choro, me desespero. Mas ainda não aprendi a ser diferente. Tudo bem que aprendi a respirar fundo e internalizar que não é o fim do mundo, mas até chegar nessa fase já fiquei bem doida.

    Inclusive, quando acontece esse tipo de coisa, sempre lembro daquele episódio de Gilmore Girls em que tanto Lorelai quanto Rory começam a surtar e não conseguem se encontrar de jeito nenhum. Na época em que assisti esse episódio estava passando por um descontrole similar, o que rendou post (claro) em que escrevi (vou colar aqui, haha): "(...) tudo bem sentir-se desesperada e desamparada vez ou outra. Não tenho a obrigação de ser perfeita em tudo e muito menos de conseguir lidar com a pressão avassaladora que coloco em mim mesma. Tudo bem pedir colo , e tudo bem, também, querer um abraço e alguém pra dizer que tudo vai ficar bem."

    O que quero dizer com tudo isso é que te entendo, miga, e que tudo vai ficar bem. <3

    Beijo, beijo!

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  13. me identifiquei tanto que fiquei aqui meio que sem saber o que dizer. a gente sente e não sente pouco né? no fundo eu sempre tento levar a ideia de que i don't care mas eu sei que me importo demais. tem dias que eu sou obrigada a dormir horas e horas a fio pra poder recarregar as energias porque alguns acontecimentos (que podem ser vistos como bobos por fora mas que por dentro não são) me sugam a alma. comofaz?

    *abraço apertado*

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  14. Quando a minha adolescência chegou me tornei exatamente essa pessoa, sabe? Me achava boa de mais pra sentir qualquer coisa, porque sentir é coisa de menininha mimada. E isso me fez um mal tão imenso que é uma luta enorme pra reverter isso atualmente, graças a esse meu comportamento desenvolvi até TAG (pois é) e é tão bom ler um texto como o seu e não me sentir sozinha nisso!
    É mesmo uma luta diária, e muito difícil :(

    Novembro Inconstante

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  15. yeeeey essas frases de mamis que quebram nossas pernas, acho que elas dizem com a intenção de nos por pra cima, mas as vezes nos soterra ainda mais '-' comofas? tive picos de isolamento quando mais novo também, falar que cheguei a passar quase um ano enfurnado em casa, quase sem ver a luz do sol ~ se eu não tivesse que ir pra aula e tal, não teria tido nenhuma relação pessoal fora da família naquele ano ~ rs pensa só! anyway... entendo boa parte do que tu comentou e é foda lidar com si próprio, mas tb é algo que vamos aprendendo né '-'

    eu cheguei num ponto de nem saber mais como lidar comigo, as vezes os sentimentos se misturam, se separam, e puff, aqui estou eu tentando tirar o melhor do sorriso e da lágrimas, as vezes é isso.

    all 'll be okay, girl :D take easy 'n gogogo!
    xoxo

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  16. Amiga, pra isso tenho uma frase ótima que é: o câncer do vizinho não cura teu resfriado. Foi meu namorado que me disse isso pela primeira vez (e eu até postei no blog sobre) e eu fui pega de surpresa pela frase, porque não é que é? Cada um tem seus problemas e não cabe a nós, nem a ninguém, medir qual é maior que o outro. Temos os nossos próprios e deveríamos ter o direito de lidar com eles do nosso jeito e do jeito que quisermos!
    Beijos <3

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  17. Esse post sou eu. Meus deus, como me identifiquei com cada palavra!!!

    As vezes considero ter melhorado, aceitando minha intesidade, abraçado o furação de emoções que eu sou mas BAM here comes a feeling you thought you'd forgotten... me sinto péssima por sentir tanto. E se me fecho na esperança de me proteger tudo só piora. :(

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  18. Oi, Cacau <3
    Amei essa frase: "Sou carne, osso e alma e, felizmente, ainda sinto". Porque sabe, um dia a gente aprende que todos os sentimentos importam e precisamos permitir que eles tomem conta de nós. Uma das coisas mais importantes que aprendi na terapia é que todos os sentimentos que você reprime (os choros não chorados, por exemplo) não somem magicamente. Eles ficam numa gaveta. E quando você finalmente explode depois de alguma gota d'água, todos eles vêm à tona, mesmo que a gente não se dê conta disso na hora. Deve ser por isso que uma resposta atravessada num dia ruim é capaz de fazer a gente desabar.
    Por isso te entendo horrores, miga.
    Beijos
    P.S: AMEI os gifs <3
    P.S2: Não vou repetir a frase de Iralinha, mas acho maravilhosa e concordo plenamente.

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  19. Acho super complicada essa questão de validar sentimentos. Quando estamos mal, somos bombardeadas de "tem gente pior". As pessoas não conseguem entender que cada um tem a sua força emocional e nem todos passaram pelas mesmas coisas, por isso alguns sentem mais por coisas "pequenas". E a gente acaba se culpando por se sentir mal por uma coisa, porque todo o resto do mundo nos acusa por sentir algo quando tem gente que tá pior.

    Eu não passei fome, minha mãe passou. E eu vou chorar porque não vai rolar de sair com os amigos no fim de semana e pronto. Meu sentimento não é menos verdadeiro porque minha mãe não saía aos fins de semana porque o dinheiro que tinha era pra pagar a comida dos meus tios. O que eu posso fazer é agradecer por ter tudo que eu tenho, e eu agradeço. Mas isso não tira a minha tristeza. Ela é real, ela ainda está ali.

    A hierarquia de necessidades de Maslow deixa claro que, a partir do memento que uma necessidade é saciada, a gente sofre por outra. E não tem nada de errado nisso. Uma pessoa que passava fome, conseguiu sair dessa e hoje em dia tem uma vida normal, vai sim sofrer por amor não correspondido. A gente tem que reconhecer o que a gente tem, mas a gente não pode anular a dor que a gente sente pelo que a gente não tem, independente do quão ~pequeno~ isso que a gente deseja aparenta ser.

    "Não importa se pros outros parece pouco ou muito, eu devo mais a mim do que a eles". É exatamente esse o pensamento que eu tô levando pra frente esse ano. Ano passado eu sofri muito por não olhar pra mim, por não cuidar de mim, por não validar meus próprios sentimentos porque tinha uma porrada de outras coisas acontecendo. Chega.

    Concordo também que ninguém é especial, mas na verdade somos todos snowflakes porque somos todos únicos, com nossas histórias, nossos perrengues, nossos sentimentos. Não consigo entender porquê chamam de "special snowflake" quando na verdade todos são únicos e por isso mesmo nenhum deles é ~especial~. Só somos especiais pra nós mesmos. E tá bom assim.

    Me empolguei e talvez meu comentário não faça tanto sentido quanto eu achei que faria, mas é isso aí.

    Beijinhos.

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  20. Cara, isso é um saco. Eu sempre acho que os meus problemas não são reais, eu odeio parecer dramática demais, eu sempre me culpo por tudo. Sempre acho que o problema é comigo. Também estou melhorando, mas só agora, com quase 30 anos nas costas, é que estou aprendendo a lidar melhor com os meus sentimentos. Dá a mão aqui, que um dia a gente chega lá.

    Bjs ;*

    PS: Saudades Lexie.

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